Atualizado em 8 de abril de 2020

Nada mais, nada menos que o maior deserto de sal do mundo. Sim, assim é o Salar de Uyuni. Uma imensidão onde os tons pastéis desérticos mais comuns ganham cores essencialmente brancas, capazes de ofuscar qualquer olhar. Lar das melhores fotos em perspectiva que você já deve ter visto na internet e cenário de um dos amanheceres mais bonitos que nós já presenciamos, vamos te dar todas as dicas para uma viagem perfeita para o Salar de Uyuni.

Neste post você verá:
(você pode clicar diretamente no assunto que mais te interessar)

-Sobre o Salar

-Como chegar

-Como escolher uma boa agência

-Quando ir

-Preciso de Seguro Viagem?

-O que levar para a travessia

-Qual moeda devo levar?

-Tem internet?

-Travessia do Atacama para o Salar de Uyuni

-Roteiro dia-a-dia da travessia

Sobre o Salar de Uyuni

A mais de 3.650 metros de altitude e com cerca de 12 mil km², o Salar de Uyuni está localizado na Bolívia. Há muito tempo, todo esse sal presente no solo já fez parte de um lago pré-histórico dessa região andina. Com o crescimento da Cordilheira dos Andes (sim, a Cordilheira cresce em altura a cada ano), as águas desse lago não tinham mais como escoar e com o tempo foram evaporando. Hoje em dia só existe essa enorme camada de sal no solo, misturada com outros minerais, onde também se encontra a maior reserva de lítio do mundo.

Bolivia Salar de Uyuni
Imensidão do Salar de Uyuni

Como ir ao Salar de Uyuni

A primeira coisa que você deve saber sobre ir ao Salar de Uyuni é que não é recomendável ir por conta própria. Não há qualquer sinalização, estradas ou sinal de internet pelo caminho, ou seja, se você não conhece bem o trajeto, é perigoso demais. Por isso, para conhecê-lo da melhor forma possível o ideal é fechar um passeio com alguma agência. Mas, vamos por partes.

Primeiramente, existem duas formas de chegar no Salar de Uyuni. Você pode voar até Uyuni, na Bolívia, e de lá pegar um tour até o Salar ou voar até Calama, no Chile, pegar um transfer até San Pedro de Atacama e, então, contratar um passeio até o Salar de Uyuni. É claro que os mochileiros mais econômicos podem optar pelo trajeto de ônibus até essas cidades, mas em regra, os passeios até o Salar de Uyuni saem ou de Uyuni ou de San Pedro de Atacama. Uma boa opção para quem tem mais tempo disponível é unir os dois países em uma viagem só.

Como ir do Salar de Uyuni para o Atacama

Se você optou por conhecer o Salar de Uyuni partindo de Uyuni existem três opções de tour, sendo duas mais longas e outra bem curtinha. Para quem quer apenas dar um pulinho rápido no salar, existem tours de um dia inteiro que vão até alguns pontos principais, ou seja, eles basicamente vão até o meio do Salar de Uyuni e retornam para a cidade. Por outro lado, se você quer ter uma experiência mais completa, pode fazer tanto o passeio de 3 dias com retorno para Uyuni como a travessia completa até o Deserto do Atacama.

Como ir do Atacama para o Salar de Uyuni

Em contrapartida, outro passeio muito tradicional é a travessia para o Salar de Uyuni com saída e retorno para San Pedro de Atacama. Neste caso, o tour tem duração de 4 dias e 3 noites, sendo o último dia reservado apenas para o retorno à San Pedro, sem fins turístico de fato. Foi esse o que nós fizemos e ao longo do post contaremos a nossa experiência. No entanto, você também pode contratar apenas o tour de 3 dias, onde no terceiro dia você seguirá viagem por Uyuni.

E qual é a diferença entre esses passeios?

Além da duração entre eles, os preços são diferentes. Contratar o passeio para o Salar de Uyuni saindo do Atacama é mais caro do que se você contratá-lo em Uyuni. Para vocês terem uma ideia, os valores em san pedro de Atacama giram em torno de 180 à 200 dólares por pessoa, enquanto em Uyuni é possível encontrá-lo até por 40% a menos, dependendo do seu poder de negociação. rs. Em relação à travessia de um ponto ao outro, não há tanta diferença no roteiro, com exceção da ordem dos pontos de parada, é claro.

Como escolher uma agência para fazer a travessia?

Vale ressaltar que há uma determinação do governo boliviano para que somente as empresas do país operem o Salar de Uyuni. Ou seja, mesmo que você compre o tour com uma empresa do Chile (ou até mesmo brasileira), quem fará todo o passeio é uma agência boliviana. Neste ponto, se torna ainda mais importante escolher uma boa empresa, já que empresas confiáveis terão parceiros de qualidade em Uyuni.

Aqui, é necessário ter em mente o que você espera desse tipo de passeio, visto que de fato não há luxo. Entretanto, é possível escolher entre tours privados ou não, assim como você também pode reservar quartos coletivos ou privativos para os pernoites da travessia. Veja também quais são os tipos de refeições oferecidas e quais serão os hostels da travessia. Em todo caso, caso você inicie o seu passeio em San Pedro de Atacama, indicamos a Destino Chile, principalmente porque já conhecemos e confiamos na empresa.

Quando ir ao Salar de Uyuni

O Salar de Uyuni é um lugar que pode ser visitado o ano inteiro, mas ainda assim, possui algumas particularidades. No inverno as temperatura mínimas chegam a -10° enquanto as máximas não passam de 10 à 12°. Ou seja, de junho até agosto o frio é pesado, porém, as chuvas são escassas. O período de seca se estende até mais ou menos outubro e novembro. Pela lógica essa seria a melhor época para ir ao salar de Uyuni, certo? E é. Dificilmente o seu tour será alterado por conta de tempestades e até mesmo neve.

Entretanto, a mágica acontece justamente nos meses mais chuvosos, entre janeiro e fevereiro, quando o Salar fica alagado e a camada de água no chão forma um lindo espelho. Nessa época, durante o verão, as temperaturas variam de 5° a 20°, então, são bem mais amigáveis. Uma boa dica para quem quer conhecer o Salar de Uyuni alagado sem correr riscos da chuva atrapalhar é escolher os meses de março ou abril. Nós fomos em novembro e apesar de não ter uma água sequer no solo, o salar estava lá, belíssimo! =)

No meio do Salar de Uyuni, sem estar alagado

Preciso de Seguro Viagem?

Sim, sem titubear! Ao contrário da maioria dos países da Europa, a Bolívia não exige um seguro viagem internacional para entrar no país. No entanto, como nós jamais indicamos fazer uma viagem internacional sem um, visitar o Salar de Uyuni ainda tem um agravante para que você não deixe de contratar um seguro: a altitude.

Em alguns trechos da travessia até o Salar a altitude chega aos 5.000 metros e, acredite, o soroche – como é chamado o mal de altitude – judia de verdade. É muito como sentir náuseas, dores de cabeça, fraqueza e falta de ar. Existem algumas medidas que podemos tomar para melhorar um pouco, como evitar esforços físicos, beber bastante água e mascar folha de coca. Mas ainda assim, já vimos casos de pessoas que tiveram que interromper o passeio e procurar ajuda médica. Além disso, há ainda a questão da alimentação. Como os temperos bolivianos são mais fortes, não é difícil encontrar turistas que sofrem de diarreia e afins. Ou seja, ter um seguro viagem internacional se torna imprescindível nesses casos. Eu tive que acionar no Atacama e se não tivesse um seguro teria gasto cerca de 6 mil reais com hospital.

Nós sempre fechamos os nossos com a Real Seguros e nunca tivemos problemas. Eles trabalham com as melhores seguradoras, parcelam em até 12x no cartão e ainda dão vários descontos legais!

-> PEGUE AQUI O SEU DESCONTO NA REAL SEGUROS E PARCELE EM ATÉ 12X NO CARTÃO =)

O que levar para a travessia até o Salar de Uyuni

Apesar das refeições estarem incluídas, várias outras coisas não estão. Além do mais, há outros itens que são essenciais para você levar em uma travessia até o Salar de Uyuni. São eles:

  • Água – embora muitas pessoas recomendem uns 3 litros por pessoa, nós recomendamos pelo menos uns 4 litros. Levamos 3 para cada um e tivemos que comprar mais.
  • Papel Higiênico – muitos hostels só oferecem papel caso você pague pelo quarto privado com banheiro, então, o ideal é levar pelo menos 1 rolo de papel por pessoa. Além do mais, ao longo da travessia, vários banheiros não possuem papel e por diversas vezes você precisará fazer xixi ao ar livre. Ou seja, este item também é imprescindível! Na dúvida, leve 2 rolos. rs
  • Lanches – embora as refeições principais estejam incluídas em praticamente todos os tours, o ideal é você levar uns lanchinhos para comer entre elas. Em alguns momentos ficamos muito tempo dentro do carro e é comum a fome apertar. Nós levamos vários biscoitos e atum, este último caso não gostássemos de alguma refeição, mas nem foi preciso usar.
  • Protetor solar e labial – dica um tanto quanto óbvia, mas como é um check list, não poderia faltar,
  • Óculos de sol
  • Toalha – leve sua própria toalha pois dificilmente os hostels te darão uma.
  • Remédios – não esqueça o seu kit básico, principalmente os remédios para dor de cabeça, enjoo e dor de barriga.
  • Shampoo, sabonete, hidratante, colírio, soro fisiológico, lenço umedecido e afins.
  • Roupas de frio – casaco, corta-vento, roupa térmica (principalmente se você for no inverno) e saco de dormir (caso a sua agência não ofereça para aluguel durante os meses mais frios).
  • Carregador portátil e extensão – apesar dos hostels que nós ficamos terem tomadas, pode ser que alguns só tenham na área comum e poucas delas, então, esteja preparado.

Mala ou mochila?

Isso é muito pessoal, mas nós fomos de mochila. Vimos poucas pessoas com mala por lá, mas contamos umas 4 ou 5. De qualquer forma, caso a sua travessia até o Salar de Uyuni retorne até o ponto de partida inicial, o ideal é que você deixe a bagagem principal na sua hospedagem e leve uma menor. Nós deixamos nossos mochilões no hostel do Atacama e fomos apenas com uma mochila de 30 litros cada um. As bagagens vão em cima do jeep e durante o deslocamento não é possível acessá-las, ou seja, é recomendável que você leve alguns itens como câmera, carteira e etc à mãos, com você, dentro carro. Do contrário só poderá pegá-los quando chegar no hostel para pernoite.

Qual moeda e quanto levar para o Salar de Uyuni

Sem dúvidas, leve bolivianos. A maioria dos lugares não aceita outro tipo de moeda, principalmente banheiros e algumas pequenas vendinhas pelo caminho. Como há algumas taxas de parques naturais que você deve pagar ao longo da travessia, recomendamos levar em torno de 300 bolivianos por pessoa. Este valor dará tranquilamente para as entradas nos parques, para pagar alguns banheiros, banho quente e algumas coisas que você queira comprar, como cervejas andinas artesanais e algum souvenir bem baratinho. Caso você pense em trazer mais lembrancinhas, leve mais dinheiro.

E tem internet durante a travessia?

Durante a travessia em si não há qualquer tipo de conexão com a internet. Por outro lado, em algumas vendinhas de pequenos povoados é possível comprar alguns minutos de internet por valores estratosféricos. É claro que, muquirana que nós somos, poupamos nossos bolivianos e passamos todos os dias longe das redes sociais. Entretanto, assim que chegamos em Uyuni, no último dia de passeio, tivemos wifi durante o almoço.

Pequenos povoados durante a Travessia do Salar de Uyuni
Pequenos povoados durante a Travessia do Salar de Uyuni

Como é a travessia do Atacama para o Salar de Uyuni

Como já falamos aqui no post, fizemos a travessia de 4 dias e 3 noites para o Salar de Uyuni com saída e retorno para o Atacama. Fechamos o pacote simples, que dava direito ao pernoite em quartos coletivos com banheiro compartilhado, podendo ter upgrade grátis para quartos privados, também com banheiros compartilhados, caso esses estivessem livres. No entanto, podíamos reservar quartos privados com banheiro pagando adicional de 100 bolivianos por pessoa. Fizemos isso em dois dias e valeu a pena.

De qualquer forma, não espere luxo e muito conforto, pois é tudo muito simples por lá. Mas também não tivemos nenhum perrengue. Vimos diversos relatos onde não havia água quente em alguns hostels e não tivemos esse problema. A questão é que caso você fique em quarto sem banheiro será necessário pagar pela água quente, algo em torno de 5 à 10 bolivianos, dependendo do estabelecimento.

Todo o trajeto é feito em carros 4×4 com capacidade para 6 pessoas + o motorista. Demos a sorte de no nosso carro ter apenas mais um casal. Então, foi quase que um tour privativo. rs. Além disso, as refeições principais como café da manhã, almoço e jantar estão incluídas no valor da travessia. Em novembro de 2019 as agências estavam vendendo o pacote simples por cerca de 180 a 210 dólares por pessoa.

Ciudad de Piedra Travessia do Salar de Uyuni
Uma parte da Cidade de Pedra, uma região da Travessia do Salar de Uyuni

Roteiro dia-a-dia da travessia do Atacama para o Salar de Uyuni

Dia 1 – Lagunas, paisagens desérticas e águas termais

A travessia até o Salar de Uyuni começou às 7:00 da manhã, quando a van da empresa passou em nosso hostel para nos pegar. De lá seguimos até o posto de fronteira chileno para fazer a imigração. Imigração feita, tudo certo. Logo em seguida há a parada para café da manhã, um pouco antes da aduana boliviana. Após tomarmos café e fazermos a imigração, há a troca de veículos. Tiramos todas as nossas coisas da van e colocamos no jeep que seria o nosso veículo pelos próximos dias. Nosso guia boliviano era muito gente boa, bastante comunicativo e extremamente solícito. Acredito que isso tenha feito bastante diferença em todo o passeio.

Seguimos, então, por estradas de terra bolivianas até a entrada do Parque Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa, onde tínhamos que pagar a primeira taxa da travessia no valor de 150 bolivianos. Ganhamos um ticket que deveria ser muito bem guardado pois teríamos que mostrá-lo quando saíssemos do parque. Lembrem-se disso!

Laguna Blanca

A primeira parada da Travessia do Salar de Uyuni já impressiona logo de cara! A Laguna Blanca é um dos cenários mais memoráveis desse primeiro dia de passeio. Assim como o nome sugere, suas águas completamente brancas devido aos minerais ali presentes são um convite à contemplação. Caminhamos por ali durante um tempo e mais à frente nos encontramos novamente no jeep para seguir viagem.

Laguna Blanca Bolivia
Laguna Blanca

Laguna Verde

Poucos metros depois paramos no mirante para a Laguna Verde. Aos pés do imponente Vulcão Licancabur, ela também é belíssima, mesmo não tendo se apresentado completamente verde para nós. Aliás, alguns fatores são determinantes para sua máxima coloração, como a ação do vento, o tempo aberto, entre outros. Além disso, dias antes de nós chegarmos havia ocorrido um pequeno cismo, o que influenciou bastante em sua cor. Essa laguna possui a presença ainda mais forte de alguns minerais como arsênico, chumbo e magnésio e por isso não há qualquer presença de vida nela.

Laguna Verde Bolivia
Laguna Verde

Deserto de Dalí

Em seguida fomos até uma região chamada Pampa Jara, mais conhecida popularmente como Deserto de Dalí. Trata-se de um local cheio de rochas em formatos que lembram os quadros surrealistas do pintor e por isso o lugar leva esse nome. Foi aqui que nos sentimos quase que dentro do filme Mad Max, vide fotos abaixo! rs

Termas de Polques

A parada seguinte foi nas Termas de Polques. Localizadas no meio do Salar de Chalviri e com vista para a Laguna Salada, as duas piscinas termais possuem água com temperatura em torno de 30°, ou seja, bem quentinhas. Como estava um pouco frio, confesso que eu deixei passar, mas o Rafael entrou para representar o blog. O local conta com banheiros e vestiário, mas tudo muito simples. É necessário pagar 6 bolivianos para utilizar o complexo.

Também há um refeitório enorme, onde foi servido o nosso primeiro almoço. Vale ressaltar que apesar de estarmos apreensivos com a primeira refeição, ela foi ótima! O menu contava com arroz, purê de batatas, frango grelhado, legumes, salada e até mesmo um omelete para o casal vegetariano que fazia o tour junto conosco, tudo preparado pelo nosso guia. E ainda havia água e coca-cola para acompanhar. Enfim, zero perrengue para comermos.

Geysers Sol de la Mañana

O próximo atrativo do primeiro dia da Travessia do Salar de Uyuni foi no ponto de maior altitude de todo o passeio. Localizados a 5.000 metros de altitude, os Geysers Sol de la Mañana ocupam uma área em torno de 10 km² na Bolívia. Assim como nos Geysers del Tatio do Atacama, a água aqui também sai em temperaturas elevadíssimas e por isso é necessário ter bastante cautela ao caminhar entre eles. Acabamos não ficando muito tempo por ali pois o vento estava muito forte e o cheiro de enxofre incomodava bastante.

Geysers Sol de La Manana
Geysers Sol de La Manana

Laguna Colorada

Fomos em direção à Laguna Colorada e apesar do lugar ser extremamente belo, eu não consegui curtir direito. Nesse momento, o mal de altitude estava me massacrando e a dor de cabeça que eu sentia não estava passando por nada. Para completar, a sugestão de passeio era uma caminhada pela laguna, onde havia alguns pequenos, porém leves, trechos de subida. Bom, como já estávamos ali de qualquer forma, com dor ou sem dor, eu encarei. Mas segui a máxima de andar devagar e sempre para evitar qualquer tipo de esforço físico desnecessário.

Laguna Colorada na Bolivia
Laguna Colorada

A Laguna Colorada tem uma cor bastante peculiar, misturando tons avermelhados e alaranjados, o que torna o local completamente diferente de tudo o que já havíamos visto. Há muitos flamingos por lá e talvez seja um dos lugares da travessia onde mais vimos essa espécie. Andamos pelo percurso sugerido, onde passamos pelo mirante e descemos para fazer o caminho de volta beirando a laguna. Até que nesse atrativo em si há bastante estrutura para o turista, com lanchonete, bar e banheiro (5 bolivianos por pessoa).

Laguna Capina

A última parada antes de chegarmos no hostel para pernoite foi na Laguna Capina. Essa não é uma parada oficial, mas como o cenário estava bem bonito por causa do pôr do sol, o nosso guia fez um pequeno pit stop para fotografarmos. Uma observação sobre essa laguna é que nela há uma grande produção do mineral borax.

Laguna Capina Bolivia
Laguna Capina

Pernoite em Villamar

O pernoite foi em um hostel em um vilarejo chamado Villamar. A vila é bem pequena e conta com cerca de 250 a 300 habitantes, apenas. Tudo por lá era bem simples, assim como o estabelecimento onde pernoitamos. Como havíamos fechado o tour básico, ele nos dava direito ao quarto coletivo, mas ganhamos um upgrade para um quarto duplo com banheiro compartilhado. É claro que o quarto era beeem simples, mas pra uma noite estava de bom tamanho. A roupa de cama também não era lá essas coisas, mas foi o suficiente para não passarmos frio, já que não havia calefação.

Havia apenas um chuveiro com banho quente e por isso rolava uma pequena fila, mas nada absurdo. Ah, vale ressaltar que o banho quente custava 10 bolivianos por pessoa, entretanto, caso o seu quarto fosse duplo com banheiro privativo a água quente já estava incluída.

Nessa noite nos serviram um lanchinho assim que chegamos, com café, chá, biscoitos e manteiga. Mais ou menos uma hora depois serviram o jantar. O menu foi uma sopa de legumes de entrada e depois um macarrão. Estava tudo saboroso. Ainda bem! rs

Dia 2 – Grandiosidade, laguna escondida, mirantes para as belezas andinas da Bolívia e pequenos povoados.

O segundo dia da Travessia do Salar de Uyuni começou às 7:00. O café da manhã foi servido e estava bastante farto. Tínhamos café, chá, leite, panquecas, pão, manteiga, doce de leite e até mesmo ovo mexido. Logo em seguida, saímos em direção aos próximos atrativos.

Valle de Rocas

A primeira parada do dia foi no Valle de Rocas, um vale repleto de rochas em tons avermelhados. Todas elas têm formatos diferentes devido às ações do vento, porém, algumas roubam a cena. Há a rocha chamada de Copa do Mundo, pelo fato de parecer a taça da competição. Só que esta mesma pedra também leva o nome de Mascara del Diablo, pois dependo do ângulo que você olhe ela lembra a cara do dito cujo. rs. Poucos metros mais pra frente tem a Pedra do Camelo, justamente pelo seu formato lembrar o animal. Foi permitido ficarmos um tempo por ali caminhando antes de seguirmos viagem.

Ciudad de Piedra

Logo em seguida fomos até uma região chamada de Ciudad de Piedra. São várias rochas com muitos metros de altura de forma que a disposição delas cria espaços em formato de estradas. Coisa mais linda!

Ciudad de Piedra Bolivia
No meio da Cidade de Pedra

Laguna Vinto

A terceira parada do segundo dia de Travessia do Salar de Uyuni foi na Laguna Vinto. Aqui paramos bem rapidinho, apenas para apreciar a paisagem, ver alguns flamingos e usar o banheiro inca – vulgo xixi no mato.

Laguna Vinto na Bolivia
Laguna Vinto

Sector los Lipes

O quarto atrativo do dia não se trata de uma parada em si, mas sim de uma região. Nosso guia nos explicou que essa área cheia de montanhas nevadas é chamada de Sector los Lipes e é linda! Eu jamais imaginaria que passaria por tantas montanhas nevadas no meio dessa travessia, em pleno mês de novembro.

Sector los Lipes Bolivia
Montanhas nevadas durante a Travessia do Salar de Uyuni. O guia nos explicou que essa região é chamada de Sector Los Lipes

Laguna Misteriosa

Em seguida fomos até a Laguna Misteriosa, que também é chamada de Negra ou Catal. Esse foi de longe o lugar mais bonito desse dia! O guia parou o carro no início da trilha e nós seguimos caminhando através de um bofedal. Ao longo do caminho, muitas lhamas, paredões de pedra e muito, muito verde. Quando chegamos no mirante para a laguna ficamos de queixo caído. Uma paisagem incrível se formava por meio do espelho que havia na água. Tivemos bastante tempo para ficar ali e fizemos o caminho de volta por trás das pedras.

A viagem seguiu até um pequeno refúgio onde nos foi servido o almoço. O menu desse dia também foi legal e tivemos à nossa disposição atum acebolado, arroz, legumes, salada e uma torta de batatas que estava muito gostosa. Além disso, tinha água, coca-cola e depois café. Nesse mesmo local era possível comprar bebidas alcoólicas e alguns lanches, então, aproveitamos para dar o start na primeira cerveja da viagem e compramos uma artesanal local.

Mirador del Anaconda

Depois do bucho cheio partimos para o Mirador del Anaconda. O mirante com vista para o Cânion del Anaconda (ou Cânion del Inca) é lindo, com uma vista surreal de ampla. O lugar tem esse nome porque dentro dele passa um rio minúsculo de estreito, em formato de serpente. É possível fazer uma pequena trilha até umas pedras que têm lá embaixo. Nossos amigos de tour foram junto com o guia, mas nós ficamos com preguiça. #buchocheio

Pueblo de Julaca

A última parada do dia foi no Pueblo de Julaca, um pequeno povoado andino praticamente fantasma, abandonado. O lugar tinha muito movimento e funcionamento enquanto o trem era estatal na Bolívia, mas depois que privatizaram as operações ali caíram muito e aos poucos as pessoas abandonaram o vilarejo. Hoje em dia, por conta do turismo, algumas famílias estão voltando, mas a cidadezinha ainda é muito vazia. Ainda assim, há algumas pequenas vendinhas onde você encontra água, refrigerante, cerveja artesanal e itens pessoais. Inclusive, muitas agências param aqui para a galera ficar confraternizando e tomando umas, ou melhor, para fomentar o turismo local mesmo! rs. Aqui você também encontra banheiro e até mesmo wifi, pago por minutos e tudo extremamente caro, é claro!

Pernoite no Hostel de Sal

O pernoite desse dia foi em um dos famosos hostels de sal, já em um vilarejo porta de entrada do Salar de Uyuni. O hostel é praticamente todo de sal, ou pelo menos algumas paredes, mesas e o chão são. Nesse dia nós pagamos os 100 bolivanos a mais por pessoa para ficarmos em um quarto duplo com banheio e valeu muito a pena. Mesmo sendo super simples, ter essa comodidade depois de um dia inteiro de travessia compensou bastante.

Assim como no dia anterior, nos foi servido um pequeno lanche com café e algumas horas depois nos serviram o jantar. O cardápio dessa noite foi mais gorduroso um pouquinho… frango frito com batatas fritas e, como sempre, uma sopa de entrada. Mas ainda assim, estava gostoso.

Dia 3 – Isla Incahuasi, Salar de Uyuni, Plaza de La Banderas, Pueblo Colchani, Cemiterio de Trens e Uyuni

Terceiro dia de Travessia do Salar de Uyuni e era a hora de madrugar. Acordamos às 4 da manhã pois a nossa saída estava marcada para às 4:30. Finalmente havia chegado o momento de conhecer o Salar de Uyuni e o melhor de tudo é que veríamos amanhecer por lá! Me diz aí… incrível, não?

Isla Incahuasi

Seguimos em direção à Isla Incahuasi, a famosa Ilha dos Cactos no meio do Salar de Uyuni. Para entrar é necessário pagar 30 bolivianos por pessoa e para chegar em seu topo é preciso encarar uma trilha em subida de mais ou menos 15 à 20 minutos. Não há dificuldades e o caminho é bem fácil. Ao chegarmos lá em cima ficamos sem palavras com o visual que estava em nossa frente. O nascer do sol no Salar de Uyuni foi uma das coisas mais bonitas que já vimos. Certamente, inesquecível.

Nascer do Sol na Isla Incahuasi no Salar de Uyuni
Um dos nasceres do sol mais bonitos que já vimos

Mesmo após o sol nascer, pudemos ficar um tempinho por li, curtindo a paisagem, caminhando e fazendo algumas fotos. Assim que descemos, aproveitamos para ir ao banheiro e em seguida encontramos com o nosso guia. O nosso café da manhã estava nos esperando em uma das diversas mesas que ficam bem em frente à entrada da ilha. Havia café, chá, iogurte, cereais, bolo, biscoitinhos e a companhia de alguns passarinhos. Após o café tivemos um tempo para caminhar por essa parte do Salar, ao redor da ilha, até o nosso guia nos buscar.

Planícies salinas no Salar de Uyuni e fotos!

Seguimos, então, até o momento mais divertido da Travessia do Salar de Uyuni. Era a hora de ficarmos completamente no meio do salar, nas famosas planícies salinas, para fazer fotos em perspectiva. Nosso guia foi muito prestativo e tirou diversas fotos nossas. Usamos dinossauro, garrafa de coca-cola, canecas, pacotes de biscoito e etc. Além disso, ainda gravamos alguns vídeos bem legais.

Museu de Sal e Plaza de las Banderas

A terceira parada desse dia foi no Museu de Sal e na Plaza de las Banderas. O museu já foi hostel um dia e sim, ele é todo de sal! Hoje em dia funciona apenas como um museu, mesmo. Aqui é possível usar o banheiro pelo custo de 5 bolivianos, mas a estrutura é bem precária. Em frente ao antigo hostel se encontra a Plaza de la Banderas, uma espécie de monumento com bandeiras de diversos países.

Tivemos um tempo livre por lá e caminhamos cerca de 5 minutos até o monumento Rally Dakar. Completamente feito de sal, esse monumento marca a passagem do Rally Dakar pelo país.

Monumento ao Rally Dakar no Salar de Uyuni
Monumento ao Rally Dakar

Pueblo Colchani

Seguimos até o Pueblo Colchani, um pequeno povoado pertinho da saída do Salar que vive basicamente do turismo. Aqui há várias lojas de souvenir e de produtos feitos com sal. Vale a pena comprar uma coisinha ou outra pra trazer de recordação. Em algumas lojas também é possível fazer câmbio, embora o valor não seja tão favorável.

Pueblo Colchani na Bolivia
Povoado Colchani, parada para comprar souvenirs

Cemitério de Trens

A penúltima parada do dia foi no famoso e icônico Cemitério de Trens, já em Uyuni. São várias carcaças de trens que hoje em dia são até patrimônio da cidade e funcionam como um museu. Antigamente, Uyuni transportava muitos minerais para outros lugares do mundo através desses trens e até havia um projeto para transformar a cidade em um grande centro ferroviário. Entretanto, o projeto não foi pra frente e os trens acabaram ficando jogados por ali durante tanto tempo que era comum as pessoas irem até lá roubar ferro para vender. Hoje em dia, como o local é protegido, isso não acontece mais.

Uyuni

A última parada da Travessia do Salar de Uyuni foi no centro de Uyuni. Essa foi a parada para almoço, onde nos foi servido em um restaurante muuuito simples, no maior estilo pé sujo de ser! hahaha. Embora a comida estivesse bastante farta, a proteína servida não me agradou muito pois era churrasco de lhama. Hipocrisia ou não, eu fiquei com dó de comer e achei a carne bem pesada também. Mas para os nossos amigos vegetarianos foi servido um bolinho de lentilhas que estava bem gostoso. Para acompanhamento tinha arroz, batatas, salada e legumes, além de água e coca-cola. Aqui tinha wifi liberado, o que foi ótimo para botar as coisas em dia! haha.

Pernoite em Villamar

Começamos a fazer o caminho de volta até o povoado de Villamar, onde iríamos pernoitar novamente. Mais uma vez, como estávamos muito cansados e o dia seguinte seria longo, pagamos a taxa extra para o quarto com banheiro privativo. O que de fato, foi a nossa sorte. Explico mais abaixo… rs

Assim que chegamos serviram o lanche e algumas horas depois, o jantar, como sempre. Para a janta tivemos sopa de entrada e logo em seguida veio o problema. A proteína, mais uma vez, era bife de lhama, e o acompanhamento foi macarrão. Eu deixei passar e comi um pedaço do omelete que foi servido para nossos companheiros de travessia vegetarianos e essa foi a minha sorte. Por outro lado, o Rafael encarou a lhama e teve uma diarreia daquelas a noite inteira. Tínhamos que sair às 4 da manhã para começar o retorno para San Pedro de Atacama e o bichinho mal dormiu. Já estávamos nos preparando para acionar o seguro viagem (olha aí a importância!), mas ele tomou um combo de remédios lá e deu pra segurar.

Entendam, a carne não estava estragada ou qualquer coisa do tipo, porém, é uma carne mais gordurosa e mais forte que as demais. Ou seja, nosso organismo não está acostumado com essa overdose de carne de lhama.

Dia 4 – Retorno à San Pedro de Atacama

O quarto e último dia de Travessia do Salar de Uyuni é reservado somente ao retorno até San Pedro de Atacama. Saíamos do hostel às 4 da manhã e foi uma looooonga viagem até a aduana boliviana. Não há nenhuma parada turística pelo caminho e o guia só pára o carro se alguém precisar ir ao banheiro ou outra coisa do tipo. Eu fui dormindo e sequer vi o trajeto. Paramos em um refúgio perto da Laguna Blanca, onde nos foi servido o café da manhã. No cardápio tinha queijo, presunto, ovos mexidos, café, biscoito, manteiga e chá. Também aproveitamos pra ir ao banheiro. Aqui conferem aquele ticket que falei lá no início, lembram? E logo em seguida fizemos a imigração para sair da Bolívia.

Por lá fizemos novamente a troca de automóvel. Saímos do jeep e encaramos novamente a van. Fomos levados até a aduana chilena para fazer o controle imigratório e chegamos em nosso hostel no Atacama por volta de meio dia. Foi um longo e cansativo dia, mas compensou por todas as belezas que vimos durante a travessia!

Dicas extras:

  • Se possível, leve baterias extras para as suas câmeras, pois se estiver muito frio durante a Travessia do Salar de Uyuni elas não segurarão muito bem a carga.
  • Pergunte sempre ao seu guia quando terá um banheiro mais próximo, pois alguns trajetos entre os atrativos são bem longos.
  • Se você não gosta de mascar folhas de coca para aliviar os sintomas da altitude, compre pelo menos algumas balinhas de coca. Acredite, faz muita diferença!
  • Caso você não reserve os quartos duplos com banheiro privativo assim que fechar o tour, fale com o seu guia para reservá-los assim que você começar o passeio ou pelo menos assim que começar o dia. Em época de alta temporada esses quartos se esgotam rápido. Lembrando que isso vale apenas para quem fechar o tour básico, já que os mais caros já te dão direito a isso.
  • Se você tem algum tipo de intolerância alimentar ou é vegetariano, avise antes para eles deixarem tudo no esquema pra você.

SIGA AS NOSSAS REDES SOCIAIS E NOS ACOMPANHE EM TEMPO REAL =)
Instagram: @cariocasemfronteiras
Facebook: /cariocasemfronteiras

Author

Carioca de nascimento. Educadora Física de profissão. Viajante de coração. Apaixonada pelas coisas simples da vida e intrigada pelas complexas. Costuma dizer que adora um sol, mas não dispensa os dias nublados.

Write A Comment

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Carioca Sem Fronteiras